Apelo cego





Estou me afogando
Não me acho
Este mar é imenso, gélido.
Fecho-me diante das barreiras
E afundo no pensar, imaginar,
Não consigo ultrapassar
Nessas correntes sem fim
Estão atrás de mim
Posso sentir o fluido
Perseguindo meus sentidos
Calmo e agitado, nos confins do início
Correndo e fugindo do desconhecido
Batizo de estranho mar das impurezas
Que é meu amigo nessas horas
Aonde transfiro meu ódio
No tempo e no espaço
Que me cega e leva a perdição
Mas o muro é abalado
Sei que agora é o momento
Passo pela fenda
Vem ajuda da superfície
E encontro meu socorro
Do alto
E o perseguidor desiste
Não me afogo mais
Não corro mais
Estou a salvo da angustia
Longe dos becos escuros.

Diante do gesto simples e perfeito
Estranho ao olhar passivo
Do planeta de ídolos
Cansado de heróis
Pedindo por ajuda
Num coro de desespero
Que escutamos, não sentimos,
Estamos cegos, perdidos,
Afogados.


Alcy Filho.

Um comentário:

Franciny disse...

Alcy, seguinte... tá ficando redundante meus comentários aqui...
"Excelente!
Fantástico!
Incrivel!
Você é ótimo!"
Tá dificil não fazer esses elogios!! =]