Nada além de rosas





O jardim acolheu o sujeito cansado
Colocou-o num canteiro de rosas
Cantou belas cantigas sobre amor
Falou-lhe sobre paixão
Citou a liberdade e explicou os ideais
Deixou cair folhas de árvores velhas
E deu exemplo da desobediência
Mostrando um tronco seco, caído perto do riacho,
Disse que é preciso aprender, e só.

O sujeito se levantou, olhou o jardim e chorou.
Derramou as lágrimas do saber e do discernimento
Livrou-se de seus direitos e vontades
Olhou para o horizonte e viu seu novo destino
Atravessou o riacho e deixou o jardim, para conhecer a vida.

Pena que a vida não sabe falar
Senão teria dito que o jardim é traiçoeiro
Teria aberto os olhos do sujeito para uma nova realidade
Revelaria que a vida não é um canteiro de rosas
Que aprender sem ponderar leva à ilusão
E que a liberdade deve ser vivida e não citada.

Pena que a vida não sabe falar
O sujeito deverá diferenciar jardins de pântanos.

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